domingo, 16 de outubro de 2011

História da Arte - Sobre o texto "Concepção Espacial na Arte Pré-Histórica" de S. Giedion. - (eletiva) 2º período.


Inicialmente S. Giedion, com uma maneira didática, contextualiza as questões que permeam o ser humano durante séculos. Ao contextualizar ele pretende tornar evidente como as dificuldades sobre o assunto da concepção de espaço geram discussões. Todavia, o ponto elementar da continuação do texto é a manifestação humana através da arte.
Ao partir pelo ponto elementar é discutido, então, que a arte só existe diante da relação com o espaço ao seu redor. No artigo o escritor dá continuidade ao assunto, porém ele pretende analisar de forma mais apurada, nesse caso, ele começa a explicar algumas noções sobre a intangibilidade do espaço e a concepção espacial. O espaço naturalmente é imenso e não pode ser tocado, mas ele é visível. O espaço também é caracterizado pelo seu vazio: “(...) um vazio através do qual as coisas se movem ou no qual as coisas permanecem imóveis.” (GIEDION, p. 96), mas pode-se inferir que o significado de vazio é um local não ocupado por coisa alguma, então como se explicam essas “coisas” que se movem ou permanecem imóveis? Como foi dito antes há uma manifestação humana, logo, o homem e a mulher têm noção pelo que são rodeados: pelo vazio e lhe oferece “forma e expressão psíquicas”² (GIEDION, p. 96) .
O assunto de que existe a necessidade humana de expressar a sua postura ante o mundo percorre várias vezes os parágrafos iniciais do artigo. E antes do autor prosseguir e discutir mais a frente sobre os tipos de concepção espacial, principalmente a da Arte Primeva, é importante ter como pressuposto “que não existe arte que não se baseia numa relação com o espaço.” (GIEDION, p. 97). Essa questão foi tratada de forma sucinta todo momento durante o texto, mas é com essa insistência que o autor pretende deixar clara essa relação para o melhor entendimento do que possa vir adiante.
Na arte pré-histórica é possível destacar que a forma de composição pitoresca dos artistas não age racionalmente conforme o nosso modo de pensar. Isso se explica, pois inconscientemente – depois da pré-história – somos impulsionados a calcular tudo o que vemos de acordo com a horizontal e vertical. Esse domínio da vertical e da horizontal não era conhecido pelo homem e pela mulher da pré-história. Através das visitas que o autor fez a um determinado museu, ele conclui sua opinião de que na pré-história a observação das coisas e do espaço era de forma divergente da que os homens e as mulheres se habituaram.
Depois de vários relatos surge no artigo uma breve explicação sobre as cavernas, que elas não são arquiteturas. Que as cavernas existiam devido às forças das erosões, que foram responsáveis pelas formas delas. Os desenhos encontrados nas cavernas não eram pra ser expostos. A caverna não era um local a ser decorado, pois o homem e a mulher da pré-história colocam seus signos em lugares de difícil acesso, pois eram signos secretos – devido, também, aos seus rituais.

sábado, 24 de setembro de 2011

Como se estabelece a relação entre língua e sociedade? - Questão da matéria Português para Comunicação 2 - 2º período.

Ao falar em língua e sociedade, nota-se de antemão a união das duas como partes de um corpo. Não obstante a essa ligação, vê-las somente como partes de um corpo que apenas existem, mas não funcionam é incorrer no erro absurdo de que a língua não tem valor. Há intrínsecos nessa ligação os processos comunicacionais.

Se tomar como ponto de partida radical e comum o significado da língua, não é errado o que nos explica a biologia - de que ela é um órgão muscular relacionado ao paladar, localizada na boca e que desempenha um papel importante na ação de emitir sons. E isso é comum ao homem e ao animal. Mas ao se debruçar com os estudos da linguagem, o significado anatômico da língua já não tem o mesmo efeito, não vigora. Pois a língua, agora, vai além da sua capacidade de produzir sons. Ela age na sociedade: parte da ideia de um órgão muscular para ser um órgão social.

A língua só existe por uma razão evidente: porque existem seres humanos que a falem. E para entender como se dá a ação da língua na sociedade é preciso ter como pressuposto o que Aristóteles analisa, que o ser humano "é um animal político". A política ultrapassa a acepção constituída pelo senso comum, inclusive para quebrar a ideia de que a política é só voltada aos cargos ocupados por políticos de determinados partidos, ela tem uma de várias concepções de que: os seres humanos são destinados à vida de modo igual na comunidade organizacional em que vivem. Há uma justificação gritante e primordial para identificar o homem como um animal político e não só como um animal: a sua capacidade de pensar , logo, de transformar a natureza (e produzir riquezas). De acordo com os pontos de que o homem é um animal político capaz de pensar, transformar a natureza e se relacionar ante os processos comunicacionais, que existem por meio da língua, então, ter por assunto a língua é tocar no fator não só existencial, mas também político.

As práticas comunicativas estão vinculadas aos espaços sociais, que o homem e a mulher habitam ou frequentam. É possível dizer que as diversas estruturas sociais implicam na formação da língua ou no seu comportamento, nesse caso, os papeis sociais produzem consequências na língua. Pelo estudo sociolinguístico pode-se considerar a análise das variações linguísticas que se dão no interior de um grupo segundo as posições e funções das pessoas desse grupo, ou seja, são aspectos extralinguísticos fundamentais para compreender "como se estabelece a relação entre língua e sociedade".

Fica evidente que a maneira de viver da qual o ser humano é exposta compromete o modo como o ser humano fala e gera variações ao empregar uma mesma linguagem. Diante desses elementos surge o contexto social onde o indivíduo descobre e aprende sua posição social, com isso ele assume uma identidade cultural no meio. Os processos comunicacionais se encarregam de guiar, isto é, mostrar como se diz algo, em qual momento se fala, etc. reforçando sua identidade cultural.

domingo, 1 de maio de 2011

Sobre o filme "Quebra de Xangô". - 1º período.

“Quebra de Xangô”

“Quebra de Xangô”, como o próprio nome do filme profere, trata-se da quebra dos terreiros em 1912 no contexto histórico alagoano, ou seja, a repressão, praticada por uma parte considerável da sociedade alagoana que representa em grande número a religião católica, sobre as práticas africanas no estado. Há no documentário uma ênfase do ano em que essa repressão ocorreu, na verdade, quando e como ela se iniciou.


Em 1911, o estado de Alagoas estava sendo governado por Euclides Malta, um fator relevante para entender a quebra. Nesse período, o governo Malta sofria o ataque da oposição de Fernandes Lima que o acusava de envolvimento com a feitiçaria. A população do estado não admitia a prática africana, e uma figura de destaque nessa prática se chamava Tia Marcelina. Ela defendeu Euclides Malta, mas embora existisse essa defesa, ainda perdurou a lacuna se havia ou não ligação entre os dois. Com esses acontecimentos, surgiu a forte chance de Fernandes Lima ocupar o cargo de governador, e foi realmente o que se sucedeu.


Com o novo governo, a repressão e a perseguição nos terreiros aconteceram, como se já não bastasse a reprovação por parte da sociedade. A política alagoana dificultou a explicação do Xangô, do Candomblé e de outras práticas similares, e a opressão dessa explicação cultuava e intensificava ainda mais a idéia da fé cristã: de quê as cerimônias afro-brasileiras estavam ligadas ao demônio. São claros os resultados dessa quebra, e que estão refletindo nos dias atuais: o “olhar torto” ligado a uma aceitação, ainda assim, preconceituosa. Uma repulsa, talvez, conseqüente da política e da cultura dotadas de velhos hábitos já construídos e cultivados, fortemente enraizadas no país, mas ao se tratar do contexto das práticas afro-brasileiras: principalmente em Alagoas e Pernambuco. Ao conduzir esses fatos para o século XXI, houve uma mudança, mas uma mudança negativa. E que é muito bem retratada no documentário. Essa mudança negativa pode ser explicada da maneira como os praticantes do Candomblé ganham destaque na cena cultural: através do carnaval (do que se entende por “carnaval moderno”), ou seja, onde as pessoas dos terreiros só possuem liberdade de aparecer e mostrar sua escolha religiosa como brincantes do carnaval, roupas que fazem parte da identidade deles, agora, como fantasias. Esclarece assim, que a elite alagoana não assimila a cultura popular, e que, na verdade, ao aceitá-la faz dela uma piada carnavalesca, folclórica.


O documentário trata o acontecimento histórico com bastante cuidado e com preocupações social e política, preocupações, aliás, dificilmente retratadas pelos meios de comunicação. Portanto pode-se definir que, o filme é de um valor documental raro, essencial para compreender a História Alagoana e quebrar, não o Xangô, mas o preconceito que diariamente a sociedade exerce sobre essas religiões.