quinta-feira, 25 de abril de 2013

Comunicação Comparada, 3º período ("Introdução" e o ponto 2 "O Globo e Brasil de Fato" por Ariane e Roosivelt)


Um estudo comparativo de mídias impressas e televisivas sobre a Copa do Mundo de Futebol de 2014


Ariane Sapucaia
Dayanne Joyce
Gustavo Corado
Nicole Verçosa
Roosivelt Carvalho

Universidade Federal de Alagoas

Introdução

Desde o ano de 2007 o Brasil estava concorrendo e, com grandes chances, para sediar a Copa do Mundo de Futebol de 2014. Em 2010, o país foi escolhido em definitivo e os olhos da mídia mundial se voltaram para o governo brasileiro, visto que, a Copa do Mundo é um campeonato mundial realizado pela Federação Internacional de Futebol (Fifa) e com ampla visibilidade.

A análise comparativa foi feita em torno de três mídias, com linhas editoriais determinadas por suas posições políticas divergentes, como elas tratam a Copa do Mundo e como isso repercute na sociedade. Os veículos estudados serão de mídias impressa e televisiva. Nos jornais, 'O Globo' (Rio de Janeiro) e 'Brasil de Fato' (Porto Alegre); nas revistas, 'Carta Capital' (São Paulo) e 'Veja' (São Paulo). Já na mídia televisiva, 'Rede Globo' e a 'Rede Record'.

O Brasil, com todas as suas diferenças sociais, traz dentro do contexto da Copa uma realidade latente sobre para quem governa os políticos eleitos e para quem a copa beneficiará. Os investimentos em obras manufaturadas e de como o governo injeta recursos quando e ao que lhe convém, deixando políticas públicas em deficiência, são pontos que essa análise comparativa quer discutir e compreender como a grande mídia as expõe.  


            Como as mídias, escolhidas no artigo, estão abordando a Copa do Mundo no Brasil? A pergunta base para o nosso estudo e que desencadeará assuntos pertinentes para o desenvolvimento do mesmo. O artigo abarca uma metodologia de estudo, que consiste no seguinte: (a) coleta de matérias diversificadas das mídias mencionadas, no ano de 2012; (b) analisar os perfis dos veículos midiáticos de acordo com sua linguagem e abordagem sobre o tema escolhido; (c) o que tais veículos propõem, de acordo com sua linguagem e abordagem, nas matérias, para o assunto tratado?          


          A Comunicação Social do país brasileiro passa por problemáticas gritantes, percebidas principalmente pelos estudiosos da área. No vídeo Levante Sua Voz, produzido pelo Intervozes Coletivo Brasil de Comunicação Social com o apoio da Fundação Friedrich Ebert Stiftung, há a exposição de como é feita a transmissão de informação no país e o que é preciso para conseguir transmitir, através de rádio ou televisão, o que você (que pretende ser dono de uma emissora) pensa para milhares de pessoas. Para transmitir informações através das ondas eletromagnéticas, que deveriam ser um direito de todos e todas, é preciso que se tenha uma concessão pública. Contudo, as leis para conseguir uma concessão pública existem e não são respeitadas pelas 11 famílias que dominam o controle de informação no país. São elas que determinam “[...] que tipo de informação os brasileiros devem receber e quais não devem por não terem relevância jornalística ou por não atraírem o interesse do público consumidor” (LEVANTE SUA VOZ, 2009). O que o telespectador deve ou não receber é decidido pela linha editorial de cada família.


         Com um breve esclarecimento do vídeo Levante Sua Voz é possível compreender como as mídias analisadas funcionam, já que, algumas delas fazem parte das famílias citadas anteriormente. Exemplo claro é a rede Globo, que possui mais concessões do que o que são permitidas por lei: ela tem posse de vinte emissoras. Por lei, uma mesma entidade só pode reter no máximo 10 emissoras (VIEIRA JR., 2007). Tais aspectos demonstram como as linhas editoriais e os poderes de certas redes no acesso à informação influenciarão na produção do artigo, ou seja, em como elas exercem suas visões ideológicas de uma mídia dominante sobre o assunto da Copa do Mundo de 2014 no Brasil.


        A estrutura do artigo será da seguinte maneira: (a) no desenvolvimento será feita a análise das mídias impressas e televisivas, ex.: Brasil de Fato e O Globo, TV Globo e TV Record, Carta Capital e Veja; b) a conclusão.

2. Rede Globo e Rede Record

A análise a ser feita será por meio da abordagem de duas mídias televisivas: Rede Globo e Rede Record, ambas de grande audiência e tradição no país e que concorrem diretamente pelo primeiro lugar todos os dias. Essa análise se dá através das matérias dos principais telejornais dessas emissoras acerca do tema escolhido, a Copa do Mundo de 2014. O estudo só pôde ser feito através da coleta desse material da internet.

A Rede Globo de televisão foi ao ar pela primeira vez 26 de abril de 1965 e desde então foi crescendo tanto em audiência quanto em alcance de sinal por todo o território brasileiro sendo considerada atualmente a segunda maior emissora do mundo. Tamanha dimensão de poder faz da emissora grande aliada do governo e sua influência em diversos assuntos passa a ser parcial.

A outra emissora abordada no estudo é a Rede Record, uma das mais antigas do país e que por dificuldade financeira foi comprada pelo empresário e religioso Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, desde então os investimentos aumentaram e hoje, é considerada a segunda maior do país, ocupando assim, o lugar do SBT. A concorrência pelo primeiro lugar e o título de “jornalismo verdade” faz com que algumas notícias omitidas pela concorrente sejam expostas em seus telejornais, como veremos em alguns casos da copa do mundo de 2014.

Por meio de vídeos retirados da internet pode-se ver que na edição do Jornal da Record do dia 25 de julho de 2011, o noticiário aponta gastos desnecessários do governo do Rio de Janeiro na cerimônia de sorteio dos grupos das eliminatórias da Copa do Mundo de 2014. Os gastos para apenas esse evento, foram de 30 milhões de reais dos cofres públicos.

Na matéria, o jornal fala sobre o destino do dinheiro do contribuinte:              

                A realização do sorteio dos grupos das eliminatórias da Copa do Mundo de 2014 custará R$ 30 milhões aos cofres públicos. São dois contratos de patrocínio - ambos sem concorrência pública: um deles, de R$ 15 milhões, pagos pela Secretaria de Esporte e Lazer do Governo do Estado do Rio; e outro também de R$ 15 milhões, pagos pela Riotur, empresa de turismo da Prefeitura do Rio. Quem receberá uma parte do dinheiro público será o comitê organizador da Copa, presidido por Ricardo Teixeira. A outra parte vai para a Geo Eventos, empresa da qual a Globo tem participação de 57%, e a RBS, parceira dela no sul do país, de 38%. (REDE RECORD, 2011)
 
Além da denúncia feita à concorrente, a emissora de Edir Macedo, deu ênfase em várias matérias em sua programação sobre os protestos ocorridos contra a copa do mundo no Brasil, um deles realizado pelo MST em 04 de Abril de 2012 nas capitais sedes do evento. Os protestantes pediam investimentos do governo em obras públicas, e manifestavam contra os gastos relacionados à copa. Fatos como esse a Rede Globo omitia, destacando o quanto o evento dessa dimensão aumentaria o turismo no país.

Enquanto atacava indiretamente e diretamente a empresa de Roberto Marinho, por causa do direito de transmissão da Copa do mundo 2014, a Record fazia questão de ressaltar as Olimpíadas de Londres 2012. Dentro de matérias que relevavam a desorganização e a falta de preparo do Brasil em receber o evento futebolístico, comparações as olimpíadas, pela qual a emissora será transmissora oficial, eram feitas. Mostrando não só o empenho com sucesso da terra da rainha na realização do maior evento esportivo do planeta, como também toda a preparação da Record para realizar a melhor trasmissão

Os veículos a serem analisados são o jornal Brasil de Fato e o O Globo, contudo essa análise não deve ser de maneira superficial ao abarcar apenas as matérias, ou seja, as linhas editoriais devem ser expostas previamente para que tenhamos noção de como se dão a construção e a linha política do veículo e como influenciará nas suas pautas. Isso significa identificar as estruturas para entender como a comunicação desses meios se desdobra.

A começar pela linha editorial do jornal Brasil de Fato e com uma entrevista do ano de 2004 que o editor-chefe, Nilton Vianna, faz ao Núcleo Piratininga de Comunicação. Ele, com breves palavras, narra quando se deu e como estavam as pessoas na época da criação do jornal: em um tempo de euforia para o povo e para a esquerda brasileira, o partido dos trabalhadores nos seus primeiros dias assumindo o poder e o Brasil de Fato em sua gênese com grandes dificuldades para se firmar, já que, ele se constrói coletivamente e politicamente - que exprimem as dificuldades de estabelecer para o povo uma visão crítica para além do que estava posto na mídia. Explica que o envolvimento do jornal com os movimentos sociais é eminente e completa e que “editorialmente, o jornal  passou cada vez mais a representar a perspectiva dos movimentos sociais”.

Já O Globo segue com uma proposta extremamente antagônica ao que o Brasil de Fato propõe e possivelmente essa diferenciação será vista, não só na exposição das linhas editoriais, mas também nas formas das suas matérias e para quem elas estão sendo feitas. O jornal O Globo surge em 1925 e foi fundado pela família Marinho. Logo seu caráter empresarial será estabelecido ao seguir a linha que a família Marinho determina. Na página online d'O Globo é possível encontrar algumas características do surgimento  da empresa jornalística e o tempo de posse das organizações Globo “comandadas por quase oito décadas por Roberto Marinho”. Evidentemente sua linha editorial seguirá o que a empresa determina e que pode ser, a depender das relações que ela pode ter ou não com setores governamentais ou outras empresas, consequentemente ela atenderá aos interesses dos que negociam também.

2. O Globo e Brasil de Fato

A começar pela busca de duas matérias, referentes à copa, nos sites dos respectivos jornais. A ideia é comparar essas matérias jornalísticas no que condiz a distinção e modo de enxergar a realidade do tema escolhido. O que, para os veículos escolhidos, está posto como central na discussão?

Com a seguinte manchete “Pegada de carbono da Copa-2014 deve atingir 14 mi toneladas - estudo” vislumbramos o que está em vigor no seu conteúdo.  A quantidade de dióxido de carbono que será liberada sendo consequência dos preparativos para a Copa. Os assuntos que irão balizar a matéria serão a construção dos estádios e o gasto com os preparativos. Vejamos:

O Brasil, que também irá sediar a Olimpíada de 2016 no Rio de Janeiro, está investindo pesado para expandir aeroportos e a infraestrutura de transporte, em uma tentativa de aliviar o congestionamento crônico nas maiores cidades. (O GLOBO, 2012) 
Percebe-se a importância que se dá ao assunto de expansão das cidades. E quais seus ganhos com isso: “aliviar o congestionamento crônico nas maiores cidades”. Esse exemplo foi uma reportagem de Marcelo Teixeira d'O Globo. No Brasil de Fato foi coletada uma matéria com a mesma data de publicação da já citada anteriormente. No dia 11 de setembro de 2012, o jornal publica uma reportagem com a seguinte manchete: “Até 4 mil famílias podem perder suas casas por obras da copa”. Seu título não tem rodeios e nem o anterior teve. Contudo, o caráter das duas é antagônico, da mesma maneira que as linhas editoriais.

Nessa reportagem o jornal abordará sobre os problemas que a Copa trará para as comunidades das cidades que serão sediadas pelo evento. E como as obras privilegiam o transporte, mas não a moradia. A pesquisadora e geógrafa Mariana Fernandes Mendes fala:

Embora faltem apenas 2 anos para a celebração da Copa em 2014, grande parte da população de Fortaleza não parece saber que desde 2009, quando foram anunciadas as cidades-sedes brasileiras pela FIFA, várias famílias vivem atormentadas com a possibilidade de perderem suas casas, seus empregos, seus amigos, seus espaços de convivência e seus laços de afetividade por causa das propostas de remoção. (BRASIL DE FATO, 2012)

Comparando os meios em que as duas matérias se encontram, são perceptíveis suas finalidades. A primeira pretendendo esconder as problemáticas do direito à moradia alegando apenas o benefício das obras ao transporte e aeroportos. A segunda faz uma espécie de denúncia ao modo como está sendo a expansão, de maneira irregular, da Copa. Neste mesmo método de avaliação das mídias brasileiras sobre a copa do mundo a ser realizada no Brasil no ano de 2014, com doze cidades sedes, abordaremos duas conceituadas revistas de nosso país sobre a mesma circunstância, o relato do secretário-geral da FIFA, Jérôme Valcke.

3. Revista Veja e Revista Carta Capital

Segundo a revista Veja que publicou no dia três de março de 2012, na sua editoria de Política sob autoria do jornalista João Domingos, a seguinte matéria: Vaccarezza: secretário da FIFA é 'persona non grata'

Segundo a matéria, que se deu devido às declarações do secretário-geral da FIFA sobre o processo de desenvolvimento das obras para o mundial estava muito atrasada, sua afirmação em dizer que os organizadores da Copa de 2014 devem levar um “chute no traseiro”, irritou muita gente, segundo a revista o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), afirmou que "O palavreado chulo do senhor Jèrome o desqualifica para conversar com o Brasil", segundo palavras ainda do próprio Vaccarezza, ele cita:

Vou me dirigir a ele para dizer que se trata de um desqualificado para ter qualquer tipo de diálogo com o Brasil. Para mim, ele é 'persona non grata' na Câmara dos Deputados. (VEJA, 2012)

Já para o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, afirmou naquela ocasião que pediria à FIFA um novo intermediador entre o comitê do órgão e o governo brasileiro. Assim terminaria a reportagem desta revista sobre o fato que teve repercussão internacional, já a outra revista examinada para comparação foi mais além.
             
            A Revista Carta Capital lançou uma matéria na editoria de Política no dia três de março de 2012, retratando sobre o mesmo fato ocorrido, as palavras do secretário-geral Valcke, já o titulo desta foi: 'Brasil precisa de um chute no traseiro'

No conteúdo, o texto começa com o ministro do Esporte Aldo Rebelo rebatendo as afirmações de Valcke, sobre a situação dos andamentos das obras e afirma que seria impossível dialogar com alguém que não tivesse intenção de ajudar, para um bom entendedor o secretário da FIFA quis dizer que o Brasil estava a 'passos de tartarugas'. Citado Aldo rebate dizendo, “A interlocução do governo não pode ser feita por meio de quem emite declarações intempestivas”, afirmando ainda que o francês não seria mais recebido pelo governo brasileiro para as trocas de reações entre o órgão de futebol.

O grande diferencial entre as duas revistas em nosso ponto de vista é a forma como foi exibida enquanto a Veja termina dizendo que o governo não terá mais dialogo com o Valcke, a revista Carta Capital prolonga a discursão chegando a entrevistar o deputado federal e ex-jogado Romário concordou com o secretário, onde afirma que realmente estão muito atrasadas as obras para o evento, as críticas não param por ai, Valcke ainda afirma que as cidades sedes estão com suas obras em ritmo lento, que os aeroportos não funcionam como deviam e foi mais longe: em Londres  ele ainda criticou a decisão brasileira:
Se o resultado (de minhas declarações) é que não querem mais falar comigo, se não sou a pessoa com quem querem trabalhar, então isso é um pouco infantil. Vou viajar ao Brasil no dia 12 de março. (VEJA, 2012)

A grande questão observada é o fato de algumas ausências de informações e da compreensão da situação que o impacto das declarações causou. Do ponto de vista que em nosso país tudo é feito com uma série de burocracias, impostos, licitações, sabendo disso ninguém se importa nas mediações do evento e quando estão próximos as datas estipuladas começam as correrias e ai superfaturamentos de obras e construções com baixíssimos acabamentos, enfim, talvez as declarações do secretário tenham sido um pouco exageradas mais o que falta para nossos governantes é saber que estamos lidando com um evento que nosso país é apenas a locação mais é uma festa universal do esporte e que teremos a responsabilidade de promover um belo espetáculo.    
Conclusão
No trabalho três tipos de mídias foram analisados sobre a Copa do Mundo 2014, que será sediada no Brasil, abordando principalmente as diferenças no modo de abarcar o assuntos e que essas diferenças se dão por reflexos políticas e/ou econômicos. O objetivo de analisar as formas e as estruturas das matérias e como influenciam diretamente na finalidade em cada uma delas.
 
Referências Bibliográficas










 


 

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Com. e Cult. Visual 2, 4º período


"Imagens são palavras que nos faltaram." (Manoel de Barros)
“A fotografia é o relógio que arranca fragmentos da vida para armazená-los na posteridade”(Eugênio Bucci)

Não me parece certo começar esse texto tomando como partida o momento que comecei a cursar, pois minha relação com o curso e, em especifico, com a disciplina surgiu antes. E por acreditar, também, que essa minha construção não é mecânica e nem imediatista, principalmente com a fotografia. Já faz certo tempo, creio que mais ou menos há uns quatro anos, que ouso registrar situações familiares, de amigos e de uma pluralidade de coisas e pessoas desconhecidas por meio da fotografia e das palavras.
Meu contato com a fotografia não foi algo dado e acabado e não se trata, apenas, de algo que é, mas algo que se torna (se transforma). Um processo que acarreta velhos elementos, superação dos mesmos e novos elementos carregados de dúvidas. Nesse ínterim, dentro da disciplina de Comunicação e Cultura Visual 2, me deparei com textos sobre fotografia que alargaram minha visão e minha sensibilidade.
Percebi, claramente, que as fotografias agem intensamente dentro da vida do homem e da mulher e não apenas um registro bonito de um momento. Há uma relação, que não se limita a apreciação, mas que permite modificar a fotografia e o sujeito que a olha e sente. Contudo, existe uma limitação nessa caracterização.
De alguma maneira a fotografia 'X' tem um significado afetivo tornando a relação de modificação mais profunda. Cabe dizer aqui, que a fotografia carrega a subjetividade de quem a fotografa e de quem está na fotografia, mas ela também age coletivamente e objetivamente. Percebi uma carência de como se daria a relação da fotografia com o homem, dentro da sociedade, nas relações sociais e na natureza e não apenas na sua individualidade.
 Um resgate no tempo, momentos de estudo e aulas que trouxeram novos elementos e, também, deixaram suas curiosidades - frutíferas, afinal, deixar curiosidades é um sinal de que se buscará meios para saná-las, logo, estuda-las mais a fundo . Uma retomada que me fez pensar como hoje, a era tecnológica empregada em vários instrumentos e materiais, inclusive, na câmera fotográfica também mudou o modo como visualizamos a fotografia (“para o bem ou para o mal”, e que rende um grande debate). Mostrando que o homem e a mulher no decorrer dos tempos têm grande capacidade de mudar a história, e de avançar na ciência interferindo no mundo.

Ariane Regina Ribeiro Sapucaia, 4º período noturno, Comunicação Social da Ufal, disciplina Comunicação e Cultura Visual 2

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Análise da composição do curta-metragem KM 58, 3º período


Análise da composição do curta-metragem KM 58

No curta-metragem alagoano KM 58, dirigido por Rafhael Barbosa, serão analisados aspectos técnicos, pois neles estarão intrínsecas as intenções do diretor. Com base nessa metodologia de análise se desdobrarão as atitudes do personagem principal, as características do cenário, o peso significativo dos objetos, etc. Porém, tal avaliação cinematográfica não omitirá a sua gênese no seio da fotografia.
Os segundos iniciais do road-movie são marcados pela aparição do fogo, logo em seguida a cena é cortada para a estrada que se caracteriza pelo ponto de fuga, ou seja, a estrada possui linhas que convergem em um único ponto (Machado 1984, p. 68).  Em subsequência mostra-se o retrovisor lateral, que carrega aspectos luminosos entrando em deformidade no espelho, há um código de leitura lumínico. Dentro do carro o ângulo de visão está normal e Miguel, o protagonista, se encontra neutro na situação com um olhar agitado. Ao ser filmado por fora, ele assume uma posição frontal à câmera. Porém ao estacionar o automóvel, em close-up as suas expressões e seus gestos (ao colocar a mão sobre o rosto, de forma a pressionar os olhos cansados) reafirmam sua inquietude. Já em plano detalhe, com a mão do personagem sobre o joelho surge uma mão que não é a dele e começa a acariciá-lo, como se a mesma tentasse tranquilizá-lo ou o gesto denotasse um sentimento de saudade. Vale ressaltar que Miguel usa uma aliança, esse objeto é representativo, carregado de uma ideologia. E uma ideologia dominante, a religiosa. A aliança exprime a ideia do compromisso matrimonial. Diante desse aspecto encontrado no curta-metragem pode ser feita uma ponte com a ideia de Arlindo Machado:
                            (...) a ideologia aparece, numa primeira aproximação mais rasteira, como o sistema das representações de que se valem os homens para se dar conta das relações materiais (naturais e sociais) em que se acham mergulhados. (MACHADO, 1984, p. 12)

 No decorrer da cena, a segunda mão sai da situação devido ao som da sirene, provavelmente, sirene policial.  E a luz vermelha penetra no espaço enquadrado. A mão do protagonista segura fortemente o tecido da sua roupa, como se a mão reagisse de maneira rancorosa à presença do som da sirene. Em primeiríssimo plano, a cabeça dele gira em direção a sirene. Um código de leitura da imagem que caracteriza bem esse aspecto é chamado de gestual e cenográfico, visto que, o telespectador observa o gesto do referente, mas não sabe qual objeto ou situação causou esse gesto. Com um olhar de cima para baixo, em plongée, é possível visualizar em plano conjunto o local em que o protagonista, agora, se encontra: um posto de gasolina. Devido a esse tipo de enquadramento identificamos com mais facilidade os personagens e as suas movimentações no cenário. Do plano conjunto para o plano detalhe: a gasolina sendo colocada em uma garrafa PET, mas qual seria a finalidade? O diretor quer indicar outra situação e faz com que o telespectador indague sobre. Já que, o carro será abastecido, ele utilizará a gasolina da garrafa para outra finalidade.  Inclusive, é emitido um som forte de líquido corrente durante o abastecimento do automóvel. E esse som faz a ligação com a passagem de cena. Agora, o protagonista se encontra vomitando no banheiro.
No banheiro, ele se dirige para a pia e assea o rosto. Ao se olhar no espelho, o enquadramento neutro aponta a ideia pela procura de uma estabilidade moral. A câmera se posiciona de uma maneira neutra, porém diagonal para não prejudicar a cena do personagem no espelho (pois há chances da câmera sair refletida no espelho), dessa forma não compromete o efeito do curta em se mostrar real (Machado 1984, p. 83). Em plano sequência, ele senta no chão e se reclina na parede. A câmera se posiciona de maneira frontal e neutra diante do personagem. Mas logo depois, em contra-plongée, ele se encontra sentado e declara a sua submissão ao sofrimento. Mais uma vez a mão retorna ao cenário e mostra conhecer o personagem intimamente, pois ela desliza sobre o pescoço e o peitoral com propriedade.
Na cena do quarto, com objetos que chamam a atenção pela beleza da originalidade. A pessoa que os possui, possivelmente é dotada de instrução. Eles são filmados em  plano sequência, com uma continuidade exata até chegar ao ponto principal: os pés adormecidos de uma pessoa. Depois da cena do quarto, o filme retoma a rodovia. Logo, o protagonista dentro do carro em direção a um terreno. Em plano conjunto, o carro chega ao local desejado. Ao sair do carro, ele acende um cigarro e caminha em plano conjunto até se chegar ao plano americano. Alguns flashes surgem durante a cena, pensamentos do próprio protagonista que entram em transe. Ele, então, senta na frente do carro como se o local fosse marcado por algum acontecimento ou o local onde aconteceria algo.
A visão do carro é tomada de maneira frontal, as luzes dos faróis ofuscam e saturam a imagem ao se aproximar cada vez mais da câmera, em plano sequência. Em seguida, as luzes se apagam e uma luz se concentra no volante e mostra, mais uma vez, a inquietude do personagem na cena: como se algo estivesse errado. Em plano detalhe, a mão dele na marcha como se indicasse a urgência em tomar uma decisão. Então, ele arranca o terço pendurado no retrovisor. Esse ato, ao se debruçar no texto de Lucia Santaella:
Podemos pensar a questão da representação simbólica em termos das modalidades de registro da informação com a qual o sujeito psicológico trabalha; das formas de processamento dessa informação; (...) dos processos de mediação simbólica na relação entre sujeito e objeto de conhecimento. (SANTAELLA, 1992, p. 52)

Tal representação simbólica é dotada de suas características, há o “bem” e o “mal” na religião. O personagem age como sujeito psicológico e social (já que, é regido pelas regras de uma sociedade de classes e vive, portanto, em meio às contradições da vida social), não necessariamente coloca em questão os atos benéficos e malignos do que se pretende fazer, mas ele previamente tem a noção desses atos, principalmente, se ele arranca um terço (ou crucifixo). Para Machado (1984, p. 22), “a produção social de signos condensa necessidades, interesses e estratégias de intervenção de cada estrato social.”. Ficará subentendido para o telespectador, então, que Miguel realizará um ato que não condiz com as normas estabelecidas pela instituição, ele quebrará regras, ele fará algo ruim.
Imediatamente, na cena em que o carro continua estacionado, o protagonista abre a porta e anda em direção à parte traseira. O curta-metragem percorre todo o seu enredo com cenas escuras, talvez queira mostrar, também: a obscuridade dos atos, o suspense da história, os rastros deixados pelo protagonista e que atos são cometidos, geralmente, nas madrugadas sem que haja suspeitos. Algumas passagens possuem tonalidades escuras, mesmo com as chances de serem exibidas claramente (em locais que possuem grande iluminação, mas prevalece a tonalidade sombria). No momento em que Miguel está atrás do carro (a câmera continua parada, em fotografia still) é perceptível, pela noção do barulho de certos movimentos, que ele anda e carrega ou mexe em algo.
Finalmente é filmado o protagonista atrás do carro. Todavia, o cenário não é exposto por completo (por exemplo, não é filmado em um plano geral ou conjunto). A cena está em primeiro plano, do peito a cabeça. O diretor pretende não mostrar o objeto principal da cena, e deixa a entender que o protagonista queimou alguma coisa devido a sua expressão facial, ele franze o rosto como se fosse incômoda a fumaça, e ao cheiro do que está sendo queimado. Logo, a aparição do fogo remete ao início do filme. Essa ideia de um espaço que aparentemente existe, mas não é mostrado pode ser chamado de extraquadro:
A referência a um espaço ilusório extraquadro pode se dar de várias maneiras, como ocorre, por exemplo, toda vez que uma figura que está em campo aponta ou remete para algo fora de campo: esse é o caso da foto de uma mulher com a expressão aterrorizada, as mãos protegendo o rosto e o olhar fixo em algo que só ela mesma pode ver. (MACHADO, 1984, p. 83)

Já nos minutos finais do filme, o carro de Miguel está sendo lavado. Transmite a ideia de que os resquícios por suas ações serão expurgados.
 É sedutora a maneira como o diretor geral, Rafhael Barbosa, constrói a história. Visto que, em todo o filme não existe diálogos. Ele usa de maneira apropriada os sons dos objetos nas cenas do filme. E consegue reforçar a importância da relação do símbolo e do objeto, como afirma Santaella:
A relação entre o símbolo e seu objeto se dá através de uma mediação, normalmente uma associação de ideias que opera de modo a fazer com que o símbolo seja interpretado como se referindo àquele objeto. (SANTAELLA, 1992, p. 45)

O curta-metragem é contornado por uma história que não teve resolução, o personagem sai incólume de seus atos.











REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

1.      SANTAELLA, Lucia. Palavra, Imagem & Enigmas. Revista USP. Dossiê Palavra, Imagem. nº 16.  São Paulo: 1992-93
3.       MACHADO, Arlindo. A ilusão especular: introdução à fotografia. São Paulo: Brasiliense/Funarte, 1984.

domingo, 16 de outubro de 2011

História da Arte - Sobre o texto "Concepção Espacial na Arte Pré-Histórica" de S. Giedion. - (eletiva) 2º período.


Inicialmente S. Giedion, com uma maneira didática, contextualiza as questões que permeam o ser humano durante séculos. Ao contextualizar ele pretende tornar evidente como as dificuldades sobre o assunto da concepção de espaço geram discussões. Todavia, o ponto elementar da continuação do texto é a manifestação humana através da arte.
Ao partir pelo ponto elementar é discutido, então, que a arte só existe diante da relação com o espaço ao seu redor. No artigo o escritor dá continuidade ao assunto, porém ele pretende analisar de forma mais apurada, nesse caso, ele começa a explicar algumas noções sobre a intangibilidade do espaço e a concepção espacial. O espaço naturalmente é imenso e não pode ser tocado, mas ele é visível. O espaço também é caracterizado pelo seu vazio: “(...) um vazio através do qual as coisas se movem ou no qual as coisas permanecem imóveis.” (GIEDION, p. 96), mas pode-se inferir que o significado de vazio é um local não ocupado por coisa alguma, então como se explicam essas “coisas” que se movem ou permanecem imóveis? Como foi dito antes há uma manifestação humana, logo, o homem e a mulher têm noção pelo que são rodeados: pelo vazio e lhe oferece “forma e expressão psíquicas”² (GIEDION, p. 96) .
O assunto de que existe a necessidade humana de expressar a sua postura ante o mundo percorre várias vezes os parágrafos iniciais do artigo. E antes do autor prosseguir e discutir mais a frente sobre os tipos de concepção espacial, principalmente a da Arte Primeva, é importante ter como pressuposto “que não existe arte que não se baseia numa relação com o espaço.” (GIEDION, p. 97). Essa questão foi tratada de forma sucinta todo momento durante o texto, mas é com essa insistência que o autor pretende deixar clara essa relação para o melhor entendimento do que possa vir adiante.
Na arte pré-histórica é possível destacar que a forma de composição pitoresca dos artistas não age racionalmente conforme o nosso modo de pensar. Isso se explica, pois inconscientemente – depois da pré-história – somos impulsionados a calcular tudo o que vemos de acordo com a horizontal e vertical. Esse domínio da vertical e da horizontal não era conhecido pelo homem e pela mulher da pré-história. Através das visitas que o autor fez a um determinado museu, ele conclui sua opinião de que na pré-história a observação das coisas e do espaço era de forma divergente da que os homens e as mulheres se habituaram.
Depois de vários relatos surge no artigo uma breve explicação sobre as cavernas, que elas não são arquiteturas. Que as cavernas existiam devido às forças das erosões, que foram responsáveis pelas formas delas. Os desenhos encontrados nas cavernas não eram pra ser expostos. A caverna não era um local a ser decorado, pois o homem e a mulher da pré-história colocam seus signos em lugares de difícil acesso, pois eram signos secretos – devido, também, aos seus rituais.

sábado, 24 de setembro de 2011

Como se estabelece a relação entre língua e sociedade? - Questão da matéria Português para Comunicação 2 - 2º período.

Ao falar em língua e sociedade, nota-se de antemão a união das duas como partes de um corpo. Não obstante a essa ligação, vê-las somente como partes de um corpo que apenas existem, mas não funcionam é incorrer no erro absurdo de que a língua não tem valor. Há intrínsecos nessa ligação os processos comunicacionais.

Se tomar como ponto de partida radical e comum o significado da língua, não é errado o que nos explica a biologia - de que ela é um órgão muscular relacionado ao paladar, localizada na boca e que desempenha um papel importante na ação de emitir sons. E isso é comum ao homem e ao animal. Mas ao se debruçar com os estudos da linguagem, o significado anatômico da língua já não tem o mesmo efeito, não vigora. Pois a língua, agora, vai além da sua capacidade de produzir sons. Ela age na sociedade: parte da ideia de um órgão muscular para ser um órgão social.

A língua só existe por uma razão evidente: porque existem seres humanos que a falem. E para entender como se dá a ação da língua na sociedade é preciso ter como pressuposto o que Aristóteles analisa, que o ser humano "é um animal político". A política ultrapassa a acepção constituída pelo senso comum, inclusive para quebrar a ideia de que a política é só voltada aos cargos ocupados por políticos de determinados partidos, ela tem uma de várias concepções de que: os seres humanos são destinados à vida de modo igual na comunidade organizacional em que vivem. Há uma justificação gritante e primordial para identificar o homem como um animal político e não só como um animal: a sua capacidade de pensar , logo, de transformar a natureza (e produzir riquezas). De acordo com os pontos de que o homem é um animal político capaz de pensar, transformar a natureza e se relacionar ante os processos comunicacionais, que existem por meio da língua, então, ter por assunto a língua é tocar no fator não só existencial, mas também político.

As práticas comunicativas estão vinculadas aos espaços sociais, que o homem e a mulher habitam ou frequentam. É possível dizer que as diversas estruturas sociais implicam na formação da língua ou no seu comportamento, nesse caso, os papeis sociais produzem consequências na língua. Pelo estudo sociolinguístico pode-se considerar a análise das variações linguísticas que se dão no interior de um grupo segundo as posições e funções das pessoas desse grupo, ou seja, são aspectos extralinguísticos fundamentais para compreender "como se estabelece a relação entre língua e sociedade".

Fica evidente que a maneira de viver da qual o ser humano é exposta compromete o modo como o ser humano fala e gera variações ao empregar uma mesma linguagem. Diante desses elementos surge o contexto social onde o indivíduo descobre e aprende sua posição social, com isso ele assume uma identidade cultural no meio. Os processos comunicacionais se encarregam de guiar, isto é, mostrar como se diz algo, em qual momento se fala, etc. reforçando sua identidade cultural.

domingo, 1 de maio de 2011

Sobre o filme "Quebra de Xangô". - 1º período.

“Quebra de Xangô”

“Quebra de Xangô”, como o próprio nome do filme profere, trata-se da quebra dos terreiros em 1912 no contexto histórico alagoano, ou seja, a repressão, praticada por uma parte considerável da sociedade alagoana que representa em grande número a religião católica, sobre as práticas africanas no estado. Há no documentário uma ênfase do ano em que essa repressão ocorreu, na verdade, quando e como ela se iniciou.


Em 1911, o estado de Alagoas estava sendo governado por Euclides Malta, um fator relevante para entender a quebra. Nesse período, o governo Malta sofria o ataque da oposição de Fernandes Lima que o acusava de envolvimento com a feitiçaria. A população do estado não admitia a prática africana, e uma figura de destaque nessa prática se chamava Tia Marcelina. Ela defendeu Euclides Malta, mas embora existisse essa defesa, ainda perdurou a lacuna se havia ou não ligação entre os dois. Com esses acontecimentos, surgiu a forte chance de Fernandes Lima ocupar o cargo de governador, e foi realmente o que se sucedeu.


Com o novo governo, a repressão e a perseguição nos terreiros aconteceram, como se já não bastasse a reprovação por parte da sociedade. A política alagoana dificultou a explicação do Xangô, do Candomblé e de outras práticas similares, e a opressão dessa explicação cultuava e intensificava ainda mais a idéia da fé cristã: de quê as cerimônias afro-brasileiras estavam ligadas ao demônio. São claros os resultados dessa quebra, e que estão refletindo nos dias atuais: o “olhar torto” ligado a uma aceitação, ainda assim, preconceituosa. Uma repulsa, talvez, conseqüente da política e da cultura dotadas de velhos hábitos já construídos e cultivados, fortemente enraizadas no país, mas ao se tratar do contexto das práticas afro-brasileiras: principalmente em Alagoas e Pernambuco. Ao conduzir esses fatos para o século XXI, houve uma mudança, mas uma mudança negativa. E que é muito bem retratada no documentário. Essa mudança negativa pode ser explicada da maneira como os praticantes do Candomblé ganham destaque na cena cultural: através do carnaval (do que se entende por “carnaval moderno”), ou seja, onde as pessoas dos terreiros só possuem liberdade de aparecer e mostrar sua escolha religiosa como brincantes do carnaval, roupas que fazem parte da identidade deles, agora, como fantasias. Esclarece assim, que a elite alagoana não assimila a cultura popular, e que, na verdade, ao aceitá-la faz dela uma piada carnavalesca, folclórica.


O documentário trata o acontecimento histórico com bastante cuidado e com preocupações social e política, preocupações, aliás, dificilmente retratadas pelos meios de comunicação. Portanto pode-se definir que, o filme é de um valor documental raro, essencial para compreender a História Alagoana e quebrar, não o Xangô, mas o preconceito que diariamente a sociedade exerce sobre essas religiões.